Dói-me
ver como sacam as entranhas da terra, como lhe extraem o sangue, a seiva… Dói- me
a ganância, o olhar estreitado de quem põe ao bolso sementes com medo que outro
lhe colha os frutos… Dói-me tanto!
A
nossa terra é tão bonita, azul, redonda, viva. Matam-na!
Matam-na
homens e mulheres de mau íntimo, por egoísmo, ignorância; sei lá!
E
nós, por que deixamos?
Por
que fechamos os olhos ao ódio? Ignorância, traição, vingança?
Por
que deixamos que esventrem a nossa mãe?
Que lhe acabem com os peixes, as aves, o verde encanto dos pinheiros?
Por
que abandonamos quem nos deu vida, terra fértil prenhe de vida? Ela chora e
grita por nós…
Por
que queremos grandezas, insígnias e glórias? Por que escolhemos a usurpação,
quando ela nos dá o pão?
Até
quando, mãe; até quando?
Até
quando te arrancarão gritos de dor e lágrimas de pranto?
Até
quando te abandonaremos à solidão?
Maria João Varela
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