O Poder está
em nós!
Uma das mais úteis aprendizagens é, sem dúvida, a arte de
fabricar emoções. Ninguém nos ensinou a fazê-lo, mas temos esse poder.
De início assusta pois podemos pensar que, a partir do
momento em que tomamos consciência disso, já nada será como dantes; já não nos
podemos desculpar com A,B ou C por nos
estarmos a sentir irritados, desiludidos, tristes ou enraivecidos. Não quero de
modo algum dizer que não devemos sentir estas emoções, até um certo nível elas
são importantes, só se tornam problemáticas quando nos impedem de seguirmos com
a nossa vida para a frente em direção aos nossos objetivos. Como disse, é
verdade que já não nos podemos desculpar com ninguém porque em último caso
somos nós que decidimos como nos sentir mas, longe de ser intimidatório, é
libertador.
Já se imaginou no total controle das suas emoções? Já
imaginou ter a motivação necessária para aquelas decisões que tem,
reiteradamente, adiado? Já imaginou ter o poder de deixar passar uma ofensa e
não estar nem aí? Quer sentir mais amor,
paz de espírito, entusiasmo, alegria? As emoções têm uma estrutura, não são blocos monolíticos e,
se é verdade que não podemos entrar dentro do nosso cérebro, rodar um botão e
zás, sentir uma emoção diferente, podemos mexer na estrutura. Um exercício
muito útil é repararmos em três aspetos fundamentais que suportam uma emoção.
Em primeiro lugar temos a fisiologia da emoção muito ligada
à postura corporal, respiração, movimento, fala e tom de voz. Imaginemos a emoção como um programa em que,
por exemplo, para a emoção tristeza corresponde um cair de ombros, cabeça
baixa, respiração mais lenta, tom de voz baixo e arrastado, movimento corporal
lento. Por vezes, basta levantar a cabeça, ombros para trás, obrigar-se a um
sorriso, andar mais rápido para se sentir imediatamente melhor; o segredo é
este! Tente lá ficar triste enquanto dá uma corrida, ou enquanto endireita as
costas e levanta a cabeça! Impossível, o padrão da emoção tristeza foi
quebrado.
Muito importante também é o foco, aquilo em que nos focamos
induz emoções, podemos estar num lugar tranquilo, a desfrutar do nosso dia de
folga, no entanto, o nosso foco pode estar na discussão que tivemos de manhã
com o nosso (a) companheiro(a), ou podemos estar preocupados com o trabalho
(chato) que não chegámos a acabar antes do fim-de-semana , tanto num caso como
no outro o nosso foco induz emoções que não correspondem ao que queremos. Podemos
ainda estar preocupados com os quilinhos a mais e, se calhar aquela pessoa
que entrou e olhou para nós – embora nem nos tenha visto – reparou, enfim,
podemos estar focados em milhentas coisas, o importante é tomarmos consciência
disso, o que requer alguma prática, e sempre que o foco não seja adequado para
a emoção que queremos sentir, focarmo-nos naquilo que é importante e nos põe num
estado de maiores recursos.
Por último, mas não menos importante,temos a linguagem. As palavras
têm energia, tanto positiva como negativa e tornam-se na nossa experiência. É paradigmático
o modo como os portugueses respondem à pergunta: “Como te sentes hoje?”
invariavelmente respondem: “ vai-se andando”, claro que essa expressão se
confunde com a própria experiência e dificilmente se sentem ótimos,
espetaculares, completamente felizes. Muito cuidado pois com as palavras, elas
são uma componente importante das emoções, induzem-nas. Já reparou como os
brasileiros – tidos como dos mais otimistas do mundo respondem à mesma
pergunta? “ Beleza!”, “tudo legal”, etc.
Tendo em vista a tríade que compõe as emoções: fisiologia,
foco e linguagem, condicione-se, porque no fundo é disso que se trata, para
sentir o que deseja. Experimente o seguinte exercício:
1º ) Defina a ou as
emoções que quer sentir mais frequentemente . As que lhe servem o seu objetivo
atual como, amor, paz, alegria, entusiasmo, vitória, etc.
2º) Escolha uma destas emoções, por exemplo, entusiasmo e
repare na sua postura corporal, respiração, repare também no seu foco, qual o
teor das suas palavras? O que diz quando sente entusiasmo?
Quando tiver bem presente o que faz quando sente entusiasmo,
ou outra emoção que queira sentir, acabou de obter a estrutura ou padrão e pode
manipulá-lo de forma a servi-lo melhor. A partir de agora e com a prática
correta conseguirá gerir as emoções que melhor lhe servem em cada momento. Agarre
esse poder!
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