Inaugurei há pouco tempo uma nova forma de comunicar as minhas ideias e passou por expor alguns episódios da minha vida; não que eu pense que um blog ou o facebook é o lugar ideal para mostrarmos a nossa vida privada- sou reservada de mais para isso- mas porque tenho um propósito e penso que testemunhos vividos exemplificam melhor aquilo que quero transmitir.
Não tive uma vida de facilidades, mas também nunca dei muito valor ao que nos cai no prato sem fazermos nada por isso, no entanto, devo acrescentar que aquilo a que via muitas das pessoas que me rodeavam dar valor, para mim não fazia sentido nenhum; chorei muitas vezes por me sentir sozinha: lembro-me de chorar numa casa de banho pública: "eu não sou deste planeta" pensava e apetecia-me desaparecer... nadei muito contra a maré. Chamaram-me maluca por fazer reciclagem quando as pessoas ainda nem sabiam o que era o plástico, por fazer jogging pelo bosque adentro numa aldeia cujos moradores, curiosos e intrigados, se questionavam que raio andava a fazer àquela hora quando todos dormiam; por questionar crenças, credos, tradições, enfim, procurar um caminho que fosse meu e não um que me quisessem impor: eu lia enquanto os que me rodeavam se entretinham com os programas costumeiros; fazia meditação enquanto os outros iam para o café, fazia desporto enquanto eles passavam uma tarde de festa sentados à mesa, quantas e quantas vezes, de uma refeição para a outra. Isto tudo para dizer que para estar onde estou hoje, senti-me muitas vezes perdida, sozinha, incompreendida, orgulhosa, teimosa, um extra-terrestre, mas sobrevivi.
Vou partilhar a minha experiência- à medida que o tempo o permitir- porque a considero rica- modéstia à parte, eh, eh!- e com o intuito de motivar quem se encontre a passar dificuldades e possa encontrar alguma compreensão por parte de quem já passou pelo mesmo. Por isso, se se encontrar a nadar contra a maré, continue nadando,a algum lado há-de ir dar, já se ficar sentado...
Escrevo também por motivos menos nobres: desanuviar o espírito pois a escrita tem o dom de o fazer.
Hoje, tenho a felicidade de poder privar com pessoas cujos valores se aproximam dos meus, valores que advêm de uma consciencialização para o facto de-querendo ou não- estarmos todos ligados e as nossas decisões afetarem os outros e vice-versa.
Uma coisa que aprendi é que nós, seres humanos- embora tudo à volta nos diga o contrário- precisamos de muito pouco para sermos felizes. Aquilo que somos ensinados a desejar afasta-nos cada vez mais daquilo que verdadeiramente necessitamos, por isso, cada vez mais insatisfeitos e frustrados compramos exatamente o que nos vendem para lutar contra a frustração de não termos aquilo que necessitamos... um ciclo vicioso sem fim e que alimenta as vorazes bocarras de um sistema impiedoso e injusto.
Apesar da enorme crise que atravessa o nosso país vejo, agora, uma revolução silenciosa em curso: senhorios que cobram as rendas em serviços que os inquilinos possam prestar, empresas que trocam os seus serviços por outros, trocas de bens
, voluntariado, dedicação a projetos sem fins lucrativos; muito mais solidariedade. Para mim, a verdadeira mudança já começou. Estarei otimista?
Sem comentários:
Enviar um comentário