Estamos a viver num país em que
todos culpam todos e nunca ninguém se senta e, sozinho com os seus botões, se pergunta
onde foi que eu errei? Que posso fazer daqui para a frente para que tudo corra
melhor? É muito fácil criticar, já assumir responsabilidades é sempre muito
difícil, no entanto, é o único caminho para a mudança.
Onde foi que errámos? Onde continuamos a
errar? Que passos devemos dar para a mudança ocorrer? Estas perguntas deveriam
ser respondidas por cada um de nós. Já não há paciência para criticas,
acusações, sentimentos de injustiça, indignações; onde é que isto nos leva? A lado
nenhum, só se consegue aumentar o desconforto pela situação, mais nada.
Numa reportagem que li a
propósito da Islândia e das mudanças que tinham feito, lembro-me que uma das
coisas que mais me impressionou foi o facto de eles praticamente não se
queixarem, no entanto, saíram para a rua e mudaram as coisas, porque será? Que têm
eles que nós não temos? Nós falamos
muito e agimos pouco e para nós os outros são sempre os culpados e nós próprios
somos uns anjos na terra. Onde estão as mães e pais desta geração? Onde estão
os que educaram estes que, agora chegados ao topo, açambarcam os restos que ainda há
para açambarcar tal qual cães vadios que
revolvem os fundos dos caixotes do lixo buscando, esfaimados, o que sobrou das
copiosas refeições de outrora? Eu respondo, estão por aí, estão por todo o
lado, ao nosso lado, somos nós; por mais que custe, somos nós…
Sempre que educamos no sentido
dos nossos filhos levarem vantagem, de serem os melhores, quando fazemos
comparações: “ Já viste as notas do
filho da “C”? Tens de te esforçar para seres melhor do que ele para a próxima; Já viste o namorado da “I” ? A
família dele é dona de metade cá da terra, se ao menos tu também arranjasses um
assim”; “o vizinho comprou um carro novo, deve ter custado um balúrdio, está na
hora de trocarmos o nosso…”, sempre que o fazemos estamos a incentivar a
mentalidade que combatemos depois, naqueles que, tendo o poder, mais não fazem
do que seguir o que lhes foi ensinado. É bom que nos consciencializemos de que
sempre que valorizamos alguém simplesmente por aquilo que acumulou, por aquilo
que tem, pelas vantagens que alcança estamos a incentivar as novas gerações a
manter esta mentalidade que nos está a afundar.
Comparações, a existir, devem ser
feitas olhando para aquilo que éramos e que agora somos; ou que os nossos
filhos eram e são agora, valorizar o esforço e não os resultados, valorizar
atitudes e não bens acumulados, aceitar diferenças e “fraquezas” ajudando a
melhorar , incutir outros valores.
Os responsáveis pela nossa situação
somos todos nós, com os nossos comentários, atitudes pouco refletidas e quando mais depressa o aceitarmos mais
depressa começaremos a mudar este país que continua o mesmo que Eça de Queirós imortalizou. Façamos cada um Mea
culpa e comecemos a educar os nossos
filhos de forma diferente e, na próxima geração teremos um país melhor, pois ou
muito me engano ou podemos mudar de
governo todos os dias e mesmo assim até ao final do século nada mudará porque a
semente venenosa é deitada à terra, todos os dias, por todos e cada um de nós.
(imagem retirada da net) |
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