As pessoas gostam de ser
enganadas, gostam que alguém surja como salvador de qualquer coisa- será o
síndrome do sebastianismo?-vá de encontro aos seus medos, angústias ou quiçá
expectativas goradas e num ápice põe de parte as regras mais básicas do
raciocínio crítico e cai na esparrela de algum bom falante.
Hoje em dia, com o google, num
fechar de olhos temos uma resposta bem elaborada, um comentário a uma questão,
um autor citado sem que a pessoa que comenta faça a menor ideia daquilo que
está a falar; surgem cursos e certificações nas mais diversas áreas cujas
entidades certificadoras têm origens mais que obscuras senão mesmo estranhas. E
não se pense que isso se passa em áreas
pouco reconhecidas ou de pouco valor intelectual; não, passa-se exatamente em
áreas onde seria suposto as pessoas terem sido treinadas a serem mais céticas:
educação, psicologia, nomes com “neuro-isto e neuro-aquilo” então crescem como
cogumelos, estrangeirismos para dar ares de grande conhecimento; pobres
portugueses continuam com os síndromes já detetados por Eça de Queirós no
século XIX.
Entramos então num paradoxo sem
igual na história, onde muitas vezes pessoas idóneas, com trabalho sério na sua
área de investigação, são desconhecidos ou porque não têm tempo para divulgar o
seu trabalho para lá das revistas da especialidade que lhes impõem um ritmo
alucinante para poderem subsistir ou então a sua linguagem tornou-se tão técnica
que não há leigo que lhe consiga ler uma frase. Não têm jeito para o negócio.
Mas se pensamos que pelo menos a
comunicação social será uma área vacinada contra o charlatanismo
desenganemo-nos pois muitas vezes não se dão ao trabalho de investigar as suas
fontes se a pessoas convidada para comentar um qualquer assunto for bom
falante; se trouxer alguma polémica à mistura melhor ainda.
Assim, proliferam como cogumelos
certidões e outras aptidões que fariam corar de vergonha o vigarista mais
empedernido, não se coíbem de com uma linguagem apelativa, de que são bons conhecedores isso tem de se
dar a mão à palmatória, embriagar os sentidos com uma certificação fácil para
temas complexos.
A poucos chegarão as minhas
palavras pois não sou doutora- ainda- mas uma coisa me gabo de ter, uma coisa
que vejo com tristeza poucos conterrâneos terem: espírito crítico e há coisas
que saltam à vista; fazem pop-out mesmo, mas há quem tenha cegueira aprendida.
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