segunda-feira, 27 de maio de 2013

Depressão

Sim, conheço o breu  dos dias sem esperança e sem futuro. Nada pior. Nada maltrata mais do que olhares em frente e não teres caminho para caminhar nem coragem para o construir. A isso chamam depressão. Ai, a angustia dos dias que não passam, sim passam, mas nem te apercebes pois são todos iguais, todos monótonos, todos de dor feitos, todos indistinguíveis, incolores, insalubres, insípidos…
Olhas, mas não vês, ouves, mas não sentes o vibrar das ondas; nada queres, nada desejas, não te importas…
Conheço de cor o cansaço de quem pensa: para quê? Para onde?  Sem encontrar sentido nas próprias questões que ficam sem resposta; conheço a vontade de desistir só pelo cansaço que é o simples ato de pensar.
Conheço o caminho de pequenos passos em direção à reconstrução de um passado, presente e futuro ah, o futuro. Sem o futuro em mente ando, ando , mas só em círculos, viciosos.  Conheço o lento despertar do estado de hibernação, a primeira e quase impercetível alegria do raio de sol que vem pousar e acariciar a pele até ali insensível a estas e outras manifestações.
Sei, sei bem o que é sentir o redescobrir do saltitar das papilas gustativas respondendo a um sabor que se intensifica pela simples razão de ter estado adormecido. Sei a sensação, quase de criança que pela primeira vez aprecia o aroma das maçãs maduras ou do pão torrado pela manhã.
Tudo volta aos poucos, a alegria, a esperança, os dias com propósito e preenchidos; e uma enorme vontade de poder ajudar quem ainda se encontra na hibernação dorida e cansada dessa viagem ao interior vazio de uma mente assombrada por fantasmas que parecem reais, mas não são: ao primeiro sinal de determinação fogem para longe.




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