segunda-feira, 1 de abril de 2013

Acreditas?


Se me ouvisses, se ao menos pudesses saber que também eu já estive presa no rodopio das palavras sem esperança, das noites e dias sempre iguais, inúteis e lentos. Sei que não me ouves porque nem isso és já capaz, mas ao menos olha-me. Consegues ver bem lá no fundo dos meus olhos como te compreendo? Eu consigo ver nos teus essa angústia que não se explica, só se sente, esse vazio onde outrora pairavam sonhos e fantasias. Acredita, agora não os vês, mas eles continuam lá… levanta-te.
Eu sei que queres dormir, sei que davas tudo para descansar desses pensamentos que te atordoam a mente e bailam  em círculos, não desistas. Estou aqui para ti, sempre estive, sempre estarei.
Vou-te embalar no meu colo, acariciar-te as mãos cansadas de promessas vãs e tolas; afagar-te a alma, consolar-te… levanta-te.
 Sei que custa. Levantares-te para ires aonde? Não importa agora. Sentes o meu respirar em sintonia com o teu? É que eu sou tu e tu és eu, não suporto a tua dor porque ela também é minha; quem te disse que estás só? Não, não te vou deixar entregue aos fantasmas que te povoam a mente, vou ajudar-te a que a pouco e pouco os deixes partir e voltarás a sorrir, prometo, e a sentir que a vida tem cor, uns dias tem mais; mas tem. Que a vida tem sabor, que o vento sussurra quando paramos para o ouvir; que o mar cheira a maresia  e que os teus olhos não choram sozinhos.
Olha bem para mim, acreditas? Vamos, levanta-te…