sábado, 7 de fevereiro de 2015

“A islamofobia no seu melhor”


É ponto assente, pelo menos para um multiculturalismo radical, que criticar as sagradas escrituras do Islão, as crenças da Idade das Trevas dos muçulmanos , nem que tal crítica seja suportada por factos,  amplamente documentados, ou que sequer sejam negados  pelos visados,  que isso corresponde a ser-se islamofófico . Pior ainda: quando nos prendam com esse neologismo, habitualmente o mesmo vem acompanhado do bicho papão da extrema-direita e dos crimes bárbaros perpetrados por Hitler. Dizem ainda, os proponentes da superioridade muçulmana, que islamofobia é precisamente a generalização que se faz ao querer colocar tudo no mesmo saco; não se apercebem, mas já eles próprios caíram na mesma tentação: colocaram todos os que criticam o Islão no mesmo saco islamofóbico… E não é um saco qualquer. É um saco muito malcheiroso que junta numa amálgama – eles também criticam as amálgamas – os que odeiam imigrantes, os que queriam  uma Europa só com europeus – num autismo exacerbado- aqueles que odeiam  os muçulmanos propriamente ditos e os fervorosos cristãos que acreditam ser o seu Deus melhor do que Alá. A verdade é que Pode ser-se crítico do Alcorão, do Islão e dos muçulmanos sem, no entanto, se ser nada destas coisas.
Francisco Louçã é um desses radicais, juntamente com mais alguns da sua cor política e segue num autêntico raciocínio circular fazendo derivar da falsa, e sobrestimada, perceção que os europeus e norte americanos têm da percentagem de imigrantes muçulmanos nos respetivos países, o sucesso das políticas da extrema- direita. Como se estivesse bem estabelecida a ligação, mas não está. Assim como também não tem necessariamente a ver o número de radicais islâmicos com os estragos que fazem e a sua capacidade de galvanizar as populações: podem ser uma minoria, mas fazem muitos estragos e estão em crescimento.
Este radicalismo multicultural quer ainda que assumamos um pecado  que cometeram os nossos antepassados  cristãos da Idade Média aquando as bárbaras cruzadas, num assomo religioso digno do pecado original descrito na Bíblia e que todos carregamos até ao Juízo Final. Por causa desse pecado nada podemos, hoje, apontar aos outros visto sermos bem piores; é preciso continuar ad infinitum  com a prece: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa.  E, para aqueles que não se identificam com este pecado há sempre o terror do nazismo a espreitar à esquina. Tudo isto porque nos atrevemos a dizer o que o Islão é. Pois se é verdade que nem todos os muçulmanos perseguem os infiéis também é verdade que não o devem ao Corão que incita, pela voz do seu profeta Maomé a que o façam. A título exemplificativo, este  trecho dá para ficar com uma pequena ideia do que é o Corão :“E quando vos enfrentardes com os incrédulos, (em batalha), golpeai-lhes os pescoços, até que os tenhais dominado, e tomai (os sobreviventes) como prisioneiros.” - Alcorão 47:4 – ou aqui “"Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio... E combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus. Porém, se desistirem, não haverá mais hostilidades, senão contra os iníquos." - Alcorão 2:191,193 . Podemos pois dizer que os verdadeiros muçulmanos são os jihadistas e não o contrário.
Como diz o investigador Scott Atran o Corão, tal como a Bíblia, dá-se às mais variadas interpretações, como se de poesia se tratasse e por isso mesmo é que é possível atribuir-lhe virtudes de guerra e virtudes de paz.  Este mesmo investigador alerta para a importância de não minimizarmos o perigo crescente do radicalismo religioso e, a par do filósofo francês Yves Michaud,  diz que o fenómeno tem vindo a aumentar principalmente nas novas gerações. Não é batendo com a cabeça num muro de lamentações ocidental pedindo perdão pelos nossos pecados que vamos lá! É preciso saber que o perigo é real e que há uma crescente massa de muçulmanos que se reveem nas promessas de aventura, desafio, virtude e morte dos jihadistas, sim; muçulmanos de nascença e os  convertidos. Há mulheres ocidentais que trocam a vida de liberdade educação e secularismo por submissão, anulação da própria identidade e escravatura; há jovens que não se identificam com os valores de liberdade, direitos e garantias das sociedades em que cresceram e que estão dispostos a largar a suas famílias para se juntarem à ISIS.
Não vamos matar o mensageiro chamando-lhe islamofóbico só porque vai contra o politicamente correto e dá a conhecer um perigo real que está a ser subestimado. Temos de ter a consciência que nem sempre somos nós que escolhemos o inimigo; às vezes é ele que nos escolhe a nós… Para os que realçam os valores e virtudes do Islão calcando os valores de liberdade - de expressão e outros -  para os que  rejeitam que se possa sentir orgulho em pertencer a uma sociedade laica querendo que nos sintamos envergonhados pela nossa cultura só posso dizer uma coisa: mudem-se! De certeza que serão muito bem recebidos por aqueles que tão acerrimamente defendem, mas não se iludam, à primeira falha cortam-vos a cabeça numa sanha justiceira. É que muitos devem a moderação que têm às leis dos países onde vivem…
É sempre desejável abertura e respeito pelos valores das outras culturas, mas esse respeito, esse esforço nunca pode ser unilateral nem obrigatório sob pena do multiculturalismo não passar de mais um radicalismo.

Maria João Varela