sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


                                         Implicâncias

Conhece o poder de um tubo de pasta de dentes aberta? De uma tampa de sanita levantada? De portas e gavetas abertas? De migalhas esquecidas, cadeiras desalinhadas, roupa espalhada? Acha que são mesquinhices? Mas não são. Grande parte dos relacionamentos acaba por insignificâncias destas e tudo porque nem nos apercebemos que ao longo do tempo nos tornámos uns chatos que já só vê os defeitos do outro. O que antes era engraçado agora torna-se chato, o que era estimulante, aborrecido, a presença do outro torna-se, ou indesejável, ou indiferente. Não deixe que isso aconteça consigo.
A primeira coisa a fazer é assumir a sua responsabilidade, sim a sua; é quanto basta para mudar as coisas para melhor. Nos próximos dias fique atento(a) às suas implicâncias mais comuns, depois escolha uma coisa que costuma exigir ao outro , por exemplo que baixe a tampa da sanita -  esta costuma ser uma exigência daquelas mulheres que viveriam melhor com outras mulheres, qual a posição ideal da tampa da sanita?  Haverá uma posição ideal? – e assuma que durante 7 dias não vai chamar a atenção dele, nem que se arrepele toda. Em vez disso, faz o contrário ; uma gentileza extra. Consegue imaginar o que um gesto tão simples, vá, dois, um positivo e um negativo, conseguem fazer pela sua relação? Um gesto simples, mas não fácil, só que, só esta semana, você prometeu e vai cumprir e sempre que o impulso para gritar: “ Fecha o raio da tampa da sanita!”, aparecer, você vai repetir baixinho: “cala-me essa matraca!”.
Para os homens: que tal ser mais condescendente com a falta de humor dela? Afinal antes de assumir essa relação já conhecia um pouco o ciclo menstrual feminino, ou não?  O interessante é que há homens que não fazem a mínima ideia do que isso seja e ficam frustrados pois todas as suas tentativas para porem as donas do seu coração de bom humor falham. Mas não lhes passa pela cabeça comprar um carro sem conhecer bem todos os detalhes: a cilindrada, quantos quilómetros já tem – isto se for um carro usado -, os extras, etc. Então porque continua a ser uma surpresa para muitos a rabugice mensal feminina?!  Vá lá, por 7 dias – que tem de coincidir com o ciclo menstrual da sua companheira – seja muito paciente e carinhoso com ela, mesmo que ela pareça indiferente às suas tentativas e continue a queixar-se da borbulha horrível  - que você nem vê – que tem na testa, da roupa que não lhe fica nada bem – mas se ainda há dias a vestiu e sentia-se maravilhosa?! – enfim, você prometeu e vai cumprir vai ouvir pacientemente todas as queixas dela, dar-lhe o seu ombro amigo e… e mais nada, é só isso que ela quer, um ombro amigo.
É difícil no dia a dia ficar atento a estas aparentes mesquinhices, no entanto, vale bem a pena se pensarmos que são elas que a longo prazo acabam com muitos relacionamentos. Agora que já sabe o poder da pasta de dentes, da tampa da sanita, do tamanho de uma borbulha em certos dias do mês, vai deixar que acabem com o seu relacionamento, ou vai fazer um esforço? O(a) seu (sua) companheiro(a) merece – o, ou não?
Depois é só alargar a experiência a outras situações e ver melhorar a convivência no dia a dia.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012


Ressignifique

A importância que damos à necessidade de mudar as características do mundo que nos rodeia é, frequentemente, a causa de muitas frustrações que nos arruínam a vida. A verdade é que podemos mudar de casa, para uma maior, mudar de carro, de família; podemos até ficar completamente sozinhos que haverá sempre algo para nos estragar o dia, nem que seja uma mosca que teima em zumbir aos nossos ouvidos quando queremos paz.
Pelos vistos não tem jeito, a única forma que temos de conviver melhor com as frustrações do dia a dia é mudarmo-nos a nós mesmos como aconselha a filosofia budista. Longe mim aconselhar uma postura de conformismo, não, o que pretendo dizer com isto é que muitas coisas que julgamos que nos estragam a vida só estão à espera de uma oportunidade para nos revelarem o seu valor, basta mudarmos um pouco de perspetiva.
Em PNL chama-se ressignificar, ou seja, dar um outro significado às coisas.  Diz-se frequentemente: « Se a vida lhe dá um limão faça uma limonada». Esta atitude perante a vida é de uma grande sabedoria  pois permite que em todas as circunstâncias se  aprenda  algo novo e nos torne mais capazes no futuro.
Aquilo que nós pensamos sobre o mundo que nos rodeia, os outros, as circunstâncias influencia mais a nossa qualidade de vida do que as coisas em si mesmas; senão como explicar que duas pessoas diferentes na mesma situação sintam e ajam de forma diferente?  Claro que tem a ver com o que dizem a si próprias.
Nós temos o poder de escolher o significado que damos às coisas, trata-se de dar mais atenção ao que a situação tem de bom. E não importa qual a situação há sempre um ensinamento a tirar dela.
Agora o que é  preciso é praticar. Escolha uma situação menos problemática e que envolva uma pequena dose de irritabilidade ou ansiedade e vá aos poucos aumentando a sua tolerância a ela, escolha frases simples do género : “ para a semana que vem já nem me vou lembrar deste incidente, então é melhor esquecer já!” ou “ Daqui a um mês vou-me rir disto então é melhor rir-me já!”.
A quantidade de situações passíveis de nos arruinar a vida é infindável : um copo que verte; o almoço que se atrasa; o(a) companheiro(a) que não está nos seus dias; o gato que mia; o cão que ladra; a vizinha que faz barulho; o patrão que grita; bom, o melhor é começar a ressignificar! 

domingo, 5 de fevereiro de 2012


Desenvolvimento pessoal

Pode-se dizer que a partir da adolescência a personalidade já está formada, no entanto, ela é fruto da nossa herança genética, da família em que fomos educados, das pessoas com que nos cruzámos e que, de uma maneira ou de outra, foram determinantes para o nosso desenvolvimento, da cultura em que nos inserimos; ou seja, do nosso meio. Claro que não somos simples recetáculos da informação que nos chega através das nossas portadas sensoriais somos, como bem nos lembra Jean Piaget, seres activos no nosso desenvolvimento.
Quando adultos, muitos de nós abdicam dessa tarefa e o desenvolvimento adquirido por imposição do meio como crenças, valores, objetivos  não se questionam e é aí que se tornam definitivos mesmo que sejam ineficazes, falsos inadequados. Eles tornam-se parte de nós, confundimo-nos com eles e muitas vezes nem nos apercebemos que não fomos assim tão ativos nas escolhas da nossa vida; que somos quem somos quase por acaso. Quando nos consciencializamos desse facto, muitos de nós desenvolvem uma vontade irreprimível de mudança, uma necessidade de se construírem, agora sim, por vontade própria, um renascer… é para esses, para os que se querem construir por si próprios que escrevo hoje.
Depois da consciencialização que é talvez o passo mais difícil, vem a desconstrução, o questionamento dos valores e crenças aprendidos, o desenvolvimento do espírito crítico, o saber onde se está e para onde se quer ir apesar de haver quem se oponha; enfim, a construção de um novo eu agora completamente fruto da nossa vontade. Não importa a idade, quando tomamos consciência que muitas das nossas limitações são aprendidas, que não têm o mínimo fundamento, podemos ganhar as asas que nos cortaram e ir em busca dos nossos sonhos, do que nos faz verdadeiramente felizes e preenchidos. O nosso verdadeiro eu pega finalmente o leme e dá um rumo ao barco que até ao momento apenas se deixava levar ao sabor do vento.
Acontece uma revolução nem sempre bem aceite – pelo menos no inicio -  pelos que nos rodeiam, mas nós somos finalmente livres, de preconceitos, de imposições, de maneiras de ser e de estar que tantas vezes nos oprimem; agora mais leves, caminhamos pela vida que vamos construindo e que é finalmente a nossa e não a dos outros. Que sensação de viver! Que liberdade! Que felicidade sermos finalmente quem queremos ser.
É esta a essência do desenvolvimento pessoal; fortalecermos o nosso eu para que comande a nossa vida. Descobrimos os nossos pontos fortes, o que realmente tem valor para nós, o que queremos manter da nossa “velha” vida e o que não nos serve mais, o que podemos fazer embora nos tenham dito que não seríamos capazes. Adquirirmos uma nova maneira de pensar, mais eficaz, vivemos agora intensamente e muitos dos que inicialmente, por vezes também por medo, nos desincentivaram são agora os primeiros a reconhecer o nosso valor e a dar o seu apoio ao novo ser que, triunfante, emerge.  
Estes novos hábitos e atitudes vão finalmente fazer com que nos cruzemos com as pessoas certas e já não mais por acaso, mas por necessidade pois temos uma intenção que nos impele para o que queremos e nada nem ninguém nos impedirá.
E você? Já sabe quem é? Quem quer ser? O que realmente quer fazer da sua vida? Desamarre  os nós que o prendem a uma vida sem finalidade e viva plenamente a sua vida porque tudo indica que só temos esta…