E ao final da tarde, amor?
Quando o sol se desinibia
vindo banhar-se ao Mondego
cujas águas, de um azul profundo,
se raiavam de ouro;
a velha canoa
ancorada, longe da labuta,
compunha, agora, esse quadro
vivo.
Mil estrofes de amor,
outrora cantadas por lábios,
como os nossos,
sequiosos de beijos,
ondulavam em sussurros
vindo acariciar-nos os pés descalços,
no leve balançar,
da ondulação vespertina.
Afundava, o velho plátano,
e o coração, talhado nele,
por mãos febris
de paixões comandadas,
afundava junto…
E os nomes dos amantes,que o amor juntara,
afogavam a paixão de outrora
pela corrente levada.
Só nós e o rio sabíamos
as juras proferidas que iam
juntar-se a outras
- quem sabe há já muito esquecidas
-
e que o vento transportava,
quem sabe para onde ou até quando.
Ficávamos, assim,
indiferentes ao resto do mundo
num casulo impregnado de amor e mel
e de todos os absurdos
que só as almas apaixonadas conhecem.
Maria João Varela
Muito bonito! Muito bonito! Parabéns ... o sucesso está aí!
ResponderEliminarEnches-me de mimos... Obrigada! Fico muito feliz!
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