Se eu fosse
ponto e virgula,
Essa pausa maior,
não seria um continente de interrogações;
Se me
visses
nesse tempo e espaço
Consciente,
Um pulsar
de vida crescente,
em que
tudo acontece…
Como
posso ser eu,
tão
febrilmente palpitante ?
No
entanto, poderia não o ser.
Poderia
ser pedra,
sem existência;
feita de ausências,
não fora esta verborreia ininterrupta,
que fala do íntimo
mesmo sem
palavras
e me
fazem ser pensante.
Queria
acordar e numa vírgula me espreguiçar,
ficar quieta um instante
entre
aquilo que é e o que virá a ser,
sem
pressa
com lucidez
crescente.
De
onde vim agora?
No instante em que acordo
e me
torno eu,
neste
ínfimo tempo-espaço,
Impercetível
segredo bem
guardado do universo;
poderia nem ser mais eu…
Não quero
ser reticências, não!
Antes um
ponto final.
Poderia não ser mais eu…
Porque
sou feita afinal
de questões
sem resposta,
tantos pontos de interrogação
exame de escrita sem solução?
Quero
certezas, afirmações.
Quero ser
um eterno ponto de exclamação!
Uma
eterna surpresa, surpreendida também.
Não quero
ser um parêntesis
– na tua
vida não -
antes um
traço só,
tudo menos reticências…
nessa infinita incerteza,
em que
nada acontece
limbo da existência
onde poderia nem ser eu.
Dois
pontos? Talvez
Muito
pode ainda ser dito,
pensado e
escrito
amado,
perdoado e sentido…
Podes-me pôr entre aspas
só para me dares mais relevo
Mas
dispenso asteriscos,
não quero ser nota de rodapé na vida de
ninguém;
antes no
cabeçalho...
Mas, para
quê tanto afã?
Eu sou
simplesmente
um grande ponto de interrogação…
Não,
reticências não!
Sentido de mim suspenso,
entregue num caminho,
quiçá sem retorno;
dá-me antes um ponto final
e acabemos com a conversa.
Maria João Varela
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