Saboreia-me
como se eu fosse chocolate,
em lentas
lambidelas para me extraíres o sabor;
como faz o colibri nas pétalas da flor
como quem não quer parar
sem todo o doce acabar.
Beija-me, encanta-me,
com lábios
de sofreguidão,
mas sorve-me gota a gota e se o prazer se esgotar,
fecha os
olhos e sente,
que mesmo sem estar presente deixo-me saborear.
Não te apresses,
vai descendo lentamente
e deixa que
o sal da pele tempere o amor crescente,
sente um
pouco de cada vez…
Sente o calor aumentar numa onda,
num suspiro, num vaivém ondulatório
em vibrações
de prazer
que só sente quem espera o momento
em que o arrebatamento se impõe
e deixa de fazer sentido a espera.
Enrola-te a mim devagar,
cura-me a
dor do mundo
para dele me desligar;
sente o pulsar ritmado,
vê-me os passos inseguros vê-te no meu olhar.
Que te
dizem os meus olhos?
Que não te escondem segredos,
que te aguardam em degredos
com medo da
solidão que se instala
sempre que
é longa a espera.
E os
sentidos? Sem o teu aroma, o teu cheiro
que se espalhava pelo quarto
são inúteis, vãos, efémeros,
foram-se, aliás; correm ao teu encalce
deixando-me a mim para trás.
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