terça-feira, 8 de julho de 2014

Gotas de sol 2


E é sempre assim…
quando se aproxima o fim
chega a urgência,
querer possuir o que
aos poucos, se foi perdendo.
O abraço é, agora, mais forte,
o aperto da saudade já desponta no peito
quero, sofregamente,
todas as nuances da experiência.

Braços abertos,
suspiros, e uma lágrima
que, dissimuladamente, se esgueira
arrastando muitas mais
nessa atração inelutável
que queima e salga os lábios trementes
de quem querendo partir, quer ficar.

E é sempre assim…
tal como o fim de tarde que se esvai,
despedindo-se do dia…
o pequeno arbusto,
ladeado de outros mais robustos,
se delicia com as últimas   gotas de sol
que deslizam, graciosamente,
numa coreografia sem ensaios nem deslizes.  

Por que não te vi antes?
Por que numa passada áspera e firme
passei por ti condenando-te à inexistência? 
E agora choro?
Agora, num desespero calado
vejo ,toco e sinto,  
aquilo que existindo sempre
só agora vejo…

Despeço-me
querendo tudo levar  
num desejo impossível de concretizar.

E é sempre assim…

Maria João Varela


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