sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A conquista do ponto "G"

Ao homem foi dado desbravar continentes e vencer tempestades conquistando impérios ao dominar os oceanos, passou o cabo das tormentas para chegar a terra firme;  matou, esventrou e foi dono e senhor dos impérios conquistados a golpe de afiadas espadas; a mulher conquistou o ponto G e foi essa a sua maior conquista. Claro que ao ser conhecedora de que o criador não a tinha castrado, como acreditava Freud, que não era desmerecedora dos prazeres carnais e que não era por isso mesmo responsável pela queda e expulsão do paraíso, imbuída dessa confiança partiu para outras conquistas… ora o homem não gostou. Para além das conquistas que lhe eram asseguradas bastando desembainhar a espada, teria agora de conquistar o cume das conquistas femininas pois esta tinha ido à lua e já não se contentava com algum macho incapaz de lhe aflorar a bandeira.
Pode parecer redutora a teoria da conquista feminina ser o dito ponto “G” que tantos detratores se negam a aceitar, mas não: é que saber-se digna do maior prazer à face da terra - concupiscente é certo -  levou a mulher a acreditar ser digna de todas as outras coisas também; senão por que razão haveria o criador de a prendar com um tal éden não fora a intenção de lhe suavizar o caminho rumo a conquistas mais modestas, mas mais duras? Não é à toa que em todas as sociedades onde a revolução sexual não entrou as mulheres se sintam indignas de conquistar outros terrenos pois sentindo-se menos capazes que o homem nesse âmbito, sentem-no nos outros também, nem é tampouco inócuo o facto dessas mesmas sociedades lhes negarem tal direito com casamentos arranjados, violações, excisões e outras barbaridades. Não se minimize pois a conquista o ponto “G” pois enquanto o homem andava em sangrentas batalhas a mulher, sabe-se lá por que meios, foi conquistando e conhecendo o seu corpo por tantos séculos conspurcado e defraudado acusado de ser o templo do pecado, o homem fazia por isso pois tremia de terror que a mulher ao se conquistar a si mesma, ao saber que não  veio a existir só para  parir com dor como tão biblicamente lhe apregoavam as escrituras, fosse conquistando os terrenos que eram seus pela força.
A mulher veio a conquistar, não pela força, nem pela espada, mas pela inteligência e confiança que lhe era dada pela ida à lua onde deixou a bandeira e onde só um homem verdadeiramente corajoso se atreveria na travessia, que é feita a dois, mas que no final premeia também quem se arriscou. Ganharam os dois nessa conquista feminina: a mulher porque se soube capaz de outras paradas, o homem porque soube que a mulher não lhe quer roubar nada, apenas tão e só o que é seu por direito, ou seja, tudo…






Maria João Varela

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