sexta-feira, 17 de agosto de 2012

gotas de sol



E é sempre assim, quando se aproxima o fim chega a urgência de possuir o que aos poucos se vai perdendo. O abraço é agora mais forte, o aperto da saudade já desponta no peito e quero  sofregamente assimilar todas as nuances da experiência.

Olhos e braços abertos, suspiros, e uma lágrima que dissimuladamente se esgueira arrastando muitas mais numa atração inelutável que queima e salga os lábios trementes de quem agora querendo partir, quer ficar.

E é sempre assim, tal como o fim de tarde que se esvai, despedindo-se do dia , quando o pequeno arbusto, ladeado de outros, mais robustos, se delicia com as últimas   gotas de sol que deslizam graciosamente numa dança de coreografia sem ensaios nem deslizes.  
Porque não te vi antes? Porque numa passada áspera e firme passei por ti condenando-te à inexistência?  E agora choro? Agora, num desespero calado vejo ,toco e sinto, pela primeira vez ,aquilo que existindo sempre nunca existiu para mim se não agora que me despeço, querendo tudo levar  num desejo impossível de concretizar.
E é sempre assim…



Sem comentários:

Enviar um comentário