E é sempre assim, quando se
aproxima o fim chega a urgência de possuir o que aos poucos se vai perdendo. O
abraço é agora mais forte, o aperto da saudade já desponta no peito e quero sofregamente assimilar todas as nuances da
experiência.
Olhos e braços abertos, suspiros, e uma
lágrima que dissimuladamente se esgueira arrastando muitas mais numa atração
inelutável que queima e salga os lábios trementes de quem agora querendo
partir, quer ficar.
E é sempre assim, tal como o fim
de tarde que se esvai, despedindo-se do dia , quando o pequeno arbusto, ladeado
de outros, mais robustos, se delicia com as últimas gotas
de sol que deslizam graciosamente numa dança de coreografia sem ensaios nem
deslizes.
Porque não te vi antes? Porque numa
passada áspera e firme passei por ti condenando-te à inexistência? E agora choro? Agora, num desespero calado
vejo ,toco e sinto, pela primeira vez ,aquilo que existindo sempre nunca existiu para
mim se não agora que me despeço, querendo tudo levar num desejo impossível de concretizar.
E é sempre assim…
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