Sou a favor de um novo imposto.
Não se assustem que depois de me explicar vão ser a favor dele também.
Sou a favor do ISP. Este novo
imposto criado por mim, e do qual o governo ainda não ouviu falar, mas logo que
ouça e o implante permitir-lhe-á, de uma assentada, acabar com o défice e
libertar milhares, ou mesmo milhões, da tirania das palavras ocas, opiniões mal
formadas, e algaraviada caótica com que nos bombardeiam todos os dias.
O Imposto Sobre as Palavras vai
fazer recuar um pouco quem se aproveita delas - as palavras - estarem a preço de saldo para as projetar em
todas as direções quer as queiramos quer não. Em cada esquina, lá
está um fala- barato em vigília permanente, pronto a vender-nos o que não
queremos e, caso recusemos entregar-lhe o nosso dinheiro em troco de umas
tantas palavras mal pensadas, irrefletidas, inacabadas, não faz mal: longe de
ficar desarmado oferece-as, impinge-as, obriga-nos a comê-las; doces ou
salgadas, grandes ou pequenas, bonitas ou feias, alegres ou tristes.
O mais triste disto tudo é que os
visados pelo novo imposto serão apanhados de surpresa – também eles estavam
felizes pelo imposto que os livraria de todos os indivíduos inconvenientes - e,
revoltados pela injustiça, irão bombardear todos os empregados das finanças com
as suas queixas, justas ou injustas, grandes ou pequenas, lentas ou rápidas, escritas ou faladas; preparem-se
pois todas as repartições porque os fala-barato não sabem que o são – daí o seu
justificado sentimento de injustiça . Não têm tempo de o saber tão ocupados estão em, certeiramente, nos
enfiarem umas quantas palavras pelos dois ouvidos adentro.
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