sábado, 7 de setembro de 2013

Mãos



São essas as mesmas mãos
com que acarinhaste, amaste, sentiste;
mãos sensíveis, ternas e hábeis
consolo de dias mais tristes.

De encontro ao peito sentiste
 bater  um coração descompassado
 levando até ti  prova de vida
numa linguagem sem palavras.

Levantaste e rodaste  no ar
uma criança que o riso apanhara
mil flores, infindáveis cores
oferendas de outros amores.

Mãos sensíveis, amorosas,
de uma seara colhera
trigo, centeio, o pão
que a boca saciara.

Carícia impercetível,
sopro de anjo em ébano ardente.
Mãos tranquilas que embalam
sensação eternamente presente.

São mãos cansadas, calejadas
de infindáveis e rudes labutas,
essas tuas mãos que cuidam, amparam
que protegem de disputas.

Misteriosos segredos em fios de seda tecidos;
cúmplices de loucas paixões proibidas,
os teus dedos estendidos.

Estendes as mãos para um abraço
ou deixa-las ficar escabrosas, mortas, inertes?
Dedos longos, elegantes, sem mácula,
 por onde água pura se verte.

Castigam e são castigadas
constroem um mundo de castelos no ar onde habito
esculpem uma obra de arte qualquer
tocam  notas de uma melodia.

Destroem vidas inteiras
numa sentença mal dada
mãos impunes, num martelo de juiz
inconscientes, alheadas.

Tocam a finados,
no alto do sino da igreja
quiçá, a marcha nupcial ?
Servas no amor e na morte.

 





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