Deixa-me ficar..
Não me tentes com os teus
encantos
onde o mal se esconde,
onde a dor está disfarçada.
Deixa-me ficar…
nos meus dias serenos e suaves
onde as ondas gigantescas dos teus não se
fazem sentir;
deixa-me navegar nas águas plácidas sem as tormentas
nem as ondas revoltosas que me
chegam
em torrentes caprichosas do teu
mundo.
Caminho, silenciosa e firmemente para o
cadafalso,
sem querer desistir, sem poder
parar
numa atração inexorável
pelo prazer mórbido de te amar.
Porque chegaste com fragâncias de
desejo e visões do paraíso?
Manto diáfano de promessas que
nunca serão cumpridas,
um amor sempre adiado, exigente,
oh, forças porque me abandonam?
Deixai seguir o caminho, a quem
faz perder o meu…
Porque me tiras o chão?
Tapete de flores onde deslizo
nos dias cálidos de alegria
inocente;
porque me roubas um futuro inexistente?
Porque me condenas à morte em
vida
com o peso da tua ausência,
porque me seduziste? Me tentas?
Mil demónios me invadem os dias
em que te deixo entrar.
Porque te olhei, vendo-te?
Passarias sem te ver,
não fora o encanto desses olhos
que olharam os meus e na armadilha
por ti tecida se enredaram.
Porque ficaste sem me querer?
Perpetuaste um sofrimento sem sentido,
sem finalidade;
Oh, privilégio dos amados que não amam!
Amor assim obtido é roubo
merecedor de pena capital;
trouxeste a morte em doses sem serem letais,
mas envenenam em parcelas,
corroem ,aos poucos, alimentando um
desejo animal.
Oh, amarras de férreas correntes,
grilhetas impossíveis de arrancar!
Que prendem sem serem vistas,
que escravizam e me tornam
marioneta sem vontade,
sem liberdade para as tirar…
Amor cruel! Como ousas chamar-te
amor?
Como ouso dizer: «amo-te»! Vou-te
dizer «A-mor-te! »
para ser mais verdadeira.
O amor enaltece, o teu rebaixa,
o amor faz sorrir, o teu faz-me
chorar;
o amor liberta, o teu castra
e prende-me em masmorras
bolorentas
de onde não posso sair;
o amor dá vontade de viver;
o teu, dá-me vontade de morrer…
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