sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A-MOR - TE!


 Deixa-me ficar..
Não me tentes com os teus encantos
 onde o mal se esconde,
 onde a dor está disfarçada.

Deixa-me ficar…
 nos meus dias serenos e suaves
 onde as ondas gigantescas dos teus não se fazem sentir;
 deixa-me navegar nas águas plácidas sem as tormentas
nem as ondas revoltosas que me chegam
em torrentes caprichosas do teu mundo.

 Caminho, silenciosa e firmemente para o cadafalso,
sem querer desistir, sem poder parar
 numa atração inexorável
 pelo prazer mórbido de te amar.

Porque chegaste com fragâncias de desejo e visões do paraíso?
Manto diáfano de promessas que nunca serão cumpridas,
 um amor sempre adiado, exigente,
 oh, forças porque me abandonam?
Deixai seguir o caminho, a quem faz perder o meu…

Porque me tiras o chão?
Tapete de flores onde deslizo
nos dias cálidos de alegria inocente;
porque me roubas um futuro inexistente?

Porque me condenas à morte em vida
com o peso da tua ausência,
porque me seduziste? Me tentas?
Mil demónios me invadem os dias
em que te deixo entrar.

Porque te olhei, vendo-te?
Passarias sem te ver,
não fora o encanto desses olhos
que olharam os meus e na armadilha por ti tecida se enredaram.
Porque ficaste sem me querer?
Perpetuaste um sofrimento sem sentido, sem finalidade;

 Oh, privilégio dos amados que não amam!
Amor assim obtido é roubo
merecedor de pena capital;
 trouxeste a morte em doses sem serem letais,
 mas  envenenam em parcelas,
corroem ,aos poucos, alimentando um desejo animal.

Oh, amarras de férreas correntes,
grilhetas impossíveis de arrancar!
Que prendem sem serem vistas,
que escravizam e me tornam marioneta sem vontade,
sem liberdade para as tirar…

Amor cruel! Como ousas chamar-te amor?
Como ouso dizer: «amo-te»! Vou-te dizer «A-mor-te! »
para ser mais verdadeira.

O amor enaltece, o teu rebaixa,
o amor faz sorrir, o teu faz-me chorar;
 o amor liberta, o teu castra
e prende-me em masmorras bolorentas
de onde não posso sair;
o amor dá vontade de viver;

o teu, dá-me vontade de morrer… 


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