Chuva lá fora, cinza cá dentro. Já não aguento!
Para onde foi a luz, o brilho, o fulgor? Para onde
foi o riso, o calor?
Veneno venenoso, tédio tenebroso onde o diabo se
instala;
Vai de retro satanás, faíscas e coriscos traz, que
é bem melhor!
Que o vento traga consenso e o que o bem-dito
casamento
me dê
alento e resfolga deste nada que querer.
Dor de alma sem o ser, sofrimento sem contento
Nem inimigo a valer.
Não é nada, mas aperta.
Que os sentidos estão dormentes e nada lá fora
apetece…
Arrastam-se as raízes da terra, não saem mas
tentam
Só eu observo e paro. Para tudo e nada brota,
caem as folhas mortas arrastadas pelo vento,
Nem jazigo, nem morte!
Raios partam esta sorte, eu só queria viver
sempre alegre, sempre quente,
sempre de corpo presente, sem nostalgias fingidas.
Quando vens soltar-me os desejos?
Que eu temo ficar-me pelos anseios
e nem ando nem prevejo que possa querer andar,
então, sem mais nada que fazer
solto os dedos sem pensar naquilo que vai sair,
não importa, mas nem morta
quero sentir o bafio do emperro e do vazio.
Tudo vale para o disfarce:
Comer, beber, fazer, seja lá aquilo que for
tudo o que
seja ação e me liberte do tédio
ou deste meio viver.
Eu não nasci para isto, viva alegre ou viva triste
quero viver por inteiro! Então ponho-me a criar
frases e versos à toa na esperança, talvez
que estes versos que lês te deem algum consolo,
desse fraco
palpitar, desse eterno arrastar
de raízes lamacentas que procuram a saída
ou outra forma de vida, com mil cores e sabores
e sentidos bem despertos;
frases sentidas, amizades coloridas, eternos
amores…
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