E se o sol fosse um menino?
Brincasse de esconde-esconde
a comer algodão doce por detrás de brancas
nuvens
traindo o esconderijo…
E se fosse brincalhão
batesse às persianas,
entrando sem avisar,
sem esperar ser convidado
obrigando ao despertar;
Se brincasse com as ondas,
rodopiasse à superfície como enguias
reluzentes,
mergulhasse e espalhasse o seu encanto em
risadas estridentes…
Se acalentasse o sonho, de um eterno
alvorecer,
se nascesse nas janelas
se morresse nas vielas
se se deixasse perder…
Se fugisse, se aparecesse quando
deseja alegrar,
se desse a vida, a esperança,
brando ou forte alumiar,
se se fosse para nunca mais
voltar?
Se a luz da sua presença fosse uma
porta aberta
se não sucedesse à noite condenando-nos
à morte certa?
Lindo menino de ouro,
requebro-me ao te avistar,
vai-te, mas vem depressa
sem ti a solidão é mais densa,
mais intensa qualquer dor.
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