Contou-me o vento que à noitinha,
quando o sol se vai no jogo do
esconde-esconde
e as vozes se calam,
ouvem-se, por entre o restolhar das
folhas dos álamos,
espigas prateadas que agora dormem,
um rumor de tempos idos quando os amores se cantavam.
Nesses versos rimados,
ouvem-se lamentos de amores acabados
deixando por cumprir promessas de
amor eterno
deixando por amar esses desalmados.
Quando todos dormem,
lamentos sentidos,
angustias profundas se fazem ouvir
dos que se foram sem amor,
dos que partiram sem partir…
Conta-se que cada lamento
tem em si todos os lamentos
e que esses sons são melodias
que inspiram os poetas,
que lhes tocam a alma
quando se preparam para compor
transformam-se as lamurias
em canções de amor.
Entram nos poros da alma
por caminhos imemoriais
feitos de esperanças vãs,
sonhos de amores ideais.
Encontram-se, para além da morte,
na busca eterna do amor perdido,
encontros secretos de almas penadas
alivio da dor de um amor já ido.
Esbracejam, rodopiam,
entrelaçam-se por entre as folhagens
murmurando o desgosto outrora
sentido,
prevenindo outros do desencanto,
de um amor não correspondido.
Quem os ouve, nesses sussurros
de amores proibidos nos álamos de
prata
ou ama mais forte, e os vingou
ou quebra-se o feitiço de um amor fingido
de quem podendo nunca amou.
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