A vida é um livro por escrever e
a arte com que escrevemos as páginas do livro da nossa é que vai determinar se
vivemos ou não um best-seller, se será um drama ou uma comédia.
Cada novo dia é uma nova página
que nos é oferecida, em branco, para que a escrevamos e a narrativa que
escolhemos para compor o livro da nossa vida é que vai determinar a maneira
como vivemos. Se não formos peritos na arte de narrar a nossa história teremos
um mau romance ; se nos empenharmos nessa arte, se contarmos belas histórias a nós
próprios seremos incomparáveis na arte de viver.
É que a vida, tal como uma obra
prima, precisa ser embelezada, com todos os pormenores que estão lá, mas que
teimamos em não ver, apressados que andamos numa narrativa automática…
Quando deixamos a narrativa da
nossa vida entregue ao piloto automático, que adora prestar-nos um terrível
serviço, estamos a falhar na arte de viver; é como se entregássemos a escrita
do nosso best-seller ao Google – quem conhece
as traduções feitas por ele sabe que pode dar muitas calinadas.
A vida é ainda uma bela pintura;
com que paleta de cores escolhemos pintá-la? Existe toda uma gama infinita de
tonalidades e brilhos, de diferentes composições químicas e texturas. Porque demoramos
mais a escolher a cor dos objetos que nos rodeiam do que as cores da nossa
pintura? Que escolhemos realçar quando pintamos esse quadro? Que pormenores deixamos
na sombra quase impercetíveis aos olhos do leigo e que outros pintamos de cores
garridas salientando a forma e o tamanho?
A vida é ainda uma sinfonia,
partitura escrita em tons graves e agudos, em notas escolhidas com ou sem
critério e cujo maestro se encarregará de a tornar ou não harmoniosa. Um mau
maestro, ou simplesmente inexperiente, pode tornar a vida uma cacofonia…
Nesta arte em que cada um de nós
é o artista que compõe a própria vida, mais importante do a matéria prima com
que criamos - quer estejamos a narrar, a
pintar ou a compor uma peça musical - é
onde vamos em busca de inspiração. Cuidado, muito cuidado para não
esborratarmos a pintura toda, para não misturarmos realidade e ficção numa
narrativa pobre em vocabulário e rica em figuras de estilo medievais. E haja
santa paciência, que ela às vezes é escassa, para ouvir vidas tocadas a estilo
pimba com contornos neo-populares…
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