Earl Tupper jamais imaginaria que
70 anos depois a sua invenção iria transpor a funcionalidade prática para que foi criada e
fosse objeto de incursões histórico-filosófico- psicológicas por parte de quem
não tem mais nada que fazer e se põe a discorrer sobre tipos de personalidade
associados ao número de tupperwares que cada um tem no armário da cozinha. A
questão é que não podes ser boa rês se o teu armário estiver recheado de
tupperwares, todos com a tampa certa; isto é um facto iminentemente científico…
A menos que estas soberbas invenções
de Earl Tupper tenham asas e uma propensão para, pela calada da noite, galgar
escadas e parapeitos numa incursão turística lembrando couchsurfing, para nos saírem
de casa só têm um meio: irem passear para a cozinha de uma outra entidade,
recheadas daquilo que tivermos na altura para partilhar. Lá vão eles – os taparueres,
num trejeito aportuguesado – airosos e felizes abancar noutra freguesia para quando
voltarem, se voltarem, já virem mudados, transformados na sua essência que é o
mesmo que dizer com outra cabeça que na linguagem das embalagens significa
simplesmente com outra tampa.
Outro motivo não existe para que
as ditas caixinhas de plástico ou desapareçam como num ato de prestidigitação
ou lhes salte a tampa; a única explicação é seres boa pessoa e ofertares o que
quer que seja dentro deles e ficas como já reza a história sem o amigo e sem o
dinheiro sendo que neste caso é sem o amigo e sem dita caixinha ou respetiva tampa.
Tudo isto pode ser avaliado através de um
simples cálculo podendo-se então inferir uma determinada personalidade. Ou
seja, existe um simples teste para determinar quem é mais generoso nisto de
partilhar géneros alimentícios, normalmente já cozinhados e tudo: contas
quantos tupperwares tinhas no início, contas quantos tens no momento do estudo
assim como as supracitadas tampas e depois é só tirares conclusões. Se tiveres
a mesma quantidade que tinhas no início e ainda por cima todas as embalagens tiverem
a tampa certa, isso significa que não dás nem recebes comida, és, por esta
mesma teoria, um unha de fome, um agarrado, egoísta e avarento; se tiveres a mesma quantidade, mas as tampas
estiverem todas trocadas isso quer dizer que tens partilhado tanto quanto
partilham contigo, és um ser equilibrado embora não encaixes bem da tampa e
escolhes amigos como tu – nenhum encaixa a dita cuja convenientemente; se
tiveres a mais ou a menos há claramente um desequilíbrio que te pode afetar
tanto positiva quanto negativamente. Aqui tanto podes ser um palonço ou um puro
cigalheiro. Não falha, é matemático!
Existe uma tal dinâmica nesta
invenção de Earl Tupper que por muito
que tenha observado o fenómeno nunca vi uma cozinha que tivesse os mesmos
tupperwares do início, a mesma quantidade, ou com as tampas todas sequer : há
muitas vezes uma troca completa de serviços de plástico e já não se sabe bem o
quê pertence a quem.
Seja qual for o resultado do teu
teste há, no entanto, um fator de esperança. Consoante os resultados, podes
sempre começar a despachar mais caixinhas para os teus amigos e familiares,
podes pedi-los de volta – de preferência cheios – ou simplesmente fazer mais do
mesmo se estiver tudo bem contigo; é que tal como as benditas embalagens este
tipo de personalidade é altamente plástico e flexível e numa escala de Likert pode alternar entre o
1 e o 5 com tanta facilidade quanto uma incursão à cozinha em busca do que
meter dentro da caixa.
E tu, com estás em matéria de
caixinhas de plástico?
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